Texto-fonte
Rios e ribeiros de Guimarães
Moinho no Rio Ave. Fotografia de Mário Cardoso (década de 193
A descrição dos rios e ribeiros de Guimarães, em meados do século XVIII, pela pena do Padre João Baptista de Castro (note-se a ausência da Ribeira de Santa Catarina/Rio de Coutos):
Ave. Procede da serra de Agra, e de uma ribeira, a que chamam da Laje; e unindo-se com um regato ao pé da Serra de Cabreira, já com bastante cabedal separa o Concelho de Vieira das montanhas de Barroso, e quatro léguas antes de entrar no Oceano, divide o Arcebispado de Braga do Bispado do Porto. Rega os Conventos de Vairão, e de S. Tirso, e os campos do Lugar Celeiró. Tendo recebido abaixo de Guimarães o Vizela, ou Avizela, que passa por Pombeiro, caminha apressadamente por baixo de várias pontes muito boas, e finalmente vai sepultar-se no mar por entre a Vila do Conde e Azurara. O Padre Vasconcelos, como tradutor de Duarte Nunes , o faz erradamente, como ele, nascer junto de Guimarães, como bem repara Fr. Leão de Santo Tomás. Em algumas partes corre com tanta doçura e suavidade, que obrigou a cantar dele Manuel de Faria:
De donde ouvindo estava o som divino,
Que faz correndo o Ave cristalino.
Todas as terras, por onde este rio passa, e vai regando, são deliciosas, e ele abundante de barbos mui grandes e saborosíssimos. (págs. 108-109)
(...)
Caíde. É um ribeiro, que nasce no monte de Santo António perto da Vila de Guimarães, e se mete no Selho. (pág. 115)
(...)
Selhinho. Desde o Lugar do Reboto junto a Guimarães corre com o Selho, e se esconde no Lugar dos Sumes, e torna a surgir no Lugar de Serzedelo para se intrometer com o Ave. (pág. 116)
(...)
Selho. Tem seu nascimento na fonte de S.Torcato perto de Guimarães, e conduzido com o aumento de outros riachos, vai passando triunfante pelos arcos de diversas pontes, a da Madre de Deus, a de Caneiros, a do Miradouro, a do Soeiro, e se vai esconder no rio Ave por baixo da ponte de Serves, conservando sempre o mesmo nome. No Lugar de Penouços deram as águas deste rio de beber às Tropas Portuguesas, e Castelhanas, que se acharam na batalha da Veiga das Favas. (pág. 116)
(...)
Herdeiro. Corre este rio chegado aos muros de Guimarães. Traz sua origem da fonte do Bom-Nome, que está no Casal que chamam de Entre-as-Vinhas, na Freguesia de S. Pedro de Azurém. Tem uma só ponte de pedra lavrada, que chamam de Santa Luzia, mais majestosa do que convinha à pobreza das suas águas. Vai acabar no rossio de S. Lázaro, aonde ajudando-o outro regato, vão ambos incorporar-se com o Selho no Lugar do Reboto. (pág. 124)
[João Baptista de Castro, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Tomo I, 1762]
Poema escrito a partir do texto-fonte
Rios e ribeiros de Guimarães
A vila de Guimarães nasceu
Com dois braços de água a rodear
Que se juntam no final
Para a todos espantar
Do lado sul da cidade
Corre um belo rio
Rio da Vila junto à igreja
De S. Romão de Mesão Frio
Após o Campo da Feira
Acabar de percorrer
Passou pela Rua de Couros
E Rio de Couros passa a ser
O Rio da Vila
À Caldeiroa e Trasgaia vai passar
Abaixo da Rua de S. Lázaro
No fundo da Rua D. João I
Irá desaguar
Já do lado norte do velho burgo
Um regato nasceu
O Ribeiro dos Castanheiros
Ali apareceu
Antigamente Rio Herdeiro se chamava
Anos depois, seu nome mudava
O Ribeiro dos Castanheiros
Em Azurém começou
Depois de muito percorrer
Noutros rios desaguou
Na junção destes dois
Novo rio se vai formar
O Rio Celinho, que atravessa Creixomil
E ao Selho irá desaguar
Gonçalo Magalhães, Gonçalo Luís e Rita, 4º ano, Pegada
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